Tuesday, January 30, 2007

Vício de fuga

Do longe chega o perto e derrete-nos em circunstâncias e por princípios imprudentes… Do velho nasce o novo como se não houvesse margem para erro…
Sobrevoa uma vontade de controlar o que não deixam controlar… O Humano aperfeiçoa os seus defeitos e envolve-os em tecido com pontos frágeis… A pele humana dói, pois não é feita de matéria morta… Regem-se os prazeres e o consolo de voltar a começar de um início que não é o teu… A necessidade de cultivar fortalezas num reino que só eu posso viver… É meu e não o dou por ninguém… Meu incondicionalmente!
Não existe na Declaração dos Direitos do Homem o direito de uso da força para magoar alguém em prol de nós mesmos e de nos protegermos. Isso é sujeito a pena de morte! Cortar raízes por serem fortes demais é o mais injusto vício de fuga! Se o desejo é fugir, que fujam os amores-imperfeitos sem pensarem que no caminho se vão encontrar com trevos da sorte… As oportunidades de promessas interiores só surgem por uma vez, duas no máximo… Só as temos de tornar nossas e não dos outros. Pois somos os outros dos outros, e esses não nos deixam marcas de dúvidas. Usar o mal pelo bem egoísta é de todo o mais aparente incorrectismo fugaz…
Profeta

Percorreste o meu corpo
num primeiro capítulo.
Foste profeta…
Descalçaste os meus segredos
e prendeste-me à terra…
Viajaste de balão
pelos trilhos da minha falésia…
Foste inflexível nos teus sentidos.
Houve vezes que tiraste partidos.
Diário de guerra
de cama em chão frio
com música como forma de respirar.
Onde o céu é tecto
onde granada é afecto…Simples explosão de palavras!
Sem…

Sem..
Constelação dos Deuses,
Não sei se romanos ou gregos.
Enaltece a dor, a ausência de nada.
Sem, sem nada!

Círculo vicioso, os de sem!

Cometa que confunde os mortais,
que cega os cegos.
Alguém que é ninguém,
Aqueles que crêem em sem,
que acreditam no sem como fonte de vida!
No sem amor! No sem ilusão!
No sem fantasia! No sem infância!

Mas Deuses mortais julgando-se imortais,
que não acreditam que o Fado se faz sem!...
Sem sede de viver, fome e miséria ser!
Sem, sem, sem…

Estrela cadente que voa ecoando
como que invocando numa Sociedade Sem…
Sem, sem vida!
Sem tudo, sem nada!

Assim é poeta português…

Comboio de corda

São só palavras soltas
com medo de divagar.
Traço de linha contínua
desenha um mundo, um mar…

Riscos opacos em cores transparentes.
Juntos, sombreiam no ar.
Querer ficar, querer voltar…

Viagens desconhecidas,
por vezes erradas,
nascem e morrem.
São mundo, são mar…



Bailarina de rua


Sem saber por onde andar,
sigo o vento como brisa.
Passo a passo, pé ante pé,
corro e fujo devagar
num rodopio de cheia lua,
como bailarina de rua
por ouvir meu astro chamar!

Bebendo dos sons,
gota a gota,
danço com o vento
numa dança de feitiços
sem rumo, sem frota…

Saudade de pintar…
É tela, é pincel!
Solto o cabelo para o vento abraçar…
Num segredo…
Como as cores do vento pintar?

Thursday, January 25, 2007

Adeus...

Quando utilizamos a palavra acabou, muitas vontades começam e fecundam, muitos instintos mordem e mudam. Dá-se uma construção de movimentos oriundos de outros seres… Nascem fins moribundos… Suspendem-se mãos de outros países… Nãos encostam-se à parede e impedem-na… Só um pedaço continua intacto! A promessa de ficar seguro à vida! Envolver as palavras morrer e renascer! Porque há experiências que nos acordam do longe… Porque há momentos que nos levam muito além… Aprende-se assim que nos deitamos na rua todos os dias, antes de nos apercebermos que somos todos mendigos de mentiras soltas… Acabou diz-se adeus num latim que tu me ensinas-te…

Adeus…

Mutações necessárias


Existem dias em que me apetece molhar de conhecimentos sobrenaturais. Existem dias em que me silencio com sentimentos de raiva e revolta para comigo! Por acreditar nos outros mais do que em mim mesma, falho constantemente e não reaprendo com os meus erros!!! Penso libertar um ser com uma capacidade incompreendida. Na base tento carregar com as desculpas para outros, sendo na realidade eu quem se tem de desculpar por não captar uma censura premeditada e vagabunda, que se acumula permanentemente atrás de sorrisos desentendidos... Sou eu quem tem de mudar!... Aprender que nada nem ninguém se faz para se dar sem medida... Descontinuar a ser uma criança prematura feita de paredes desmontáveis... Desconceber alianças que só duram com o vento... Viver sozinha e aprender a sê-lo... E acima de tudo saber ser feliz através de um umbiguismo montado com alicerce de muralha...

Hoje apetece-me vestir esta capa… Penso que, hoje e às vezes, todos se deveriam defender com esta máscara…

Quando se vê para além de uma cidade… O espaço estende-se e criam-se novas perspectivas… Uma cidade não é só um lugar, é um procura-me, é uma vontade, é uma estrada feita de pedras…. A minha cidade cabe num copo de água. Reflectiu novos amores, incomuns…próprios contactos….
Por vezes esvazia-se o conforto da liberdade e busco o criar de um princípio em ti… Mas… és árvore incompleta! És o lado da folha que semeia curiosidades que apaixonam! E quando procuro o pedaço de papel que há em ti, mostras me poesia insuficiente! Feita de erros gramaticais que só engelham a minha pronúncia! Ambos sabemos que pertencemos a esferas, a lugares distintos…. Caducamos da mesma cidade mas de lugares íntimos diferentes… Quando se vê para além da cidade, descruzamo-nos…


Hoje, após a rotina matinal, quando saí de casa com destino à faculdade, passei por uma livraria que só aparecem nos contos e histórias…. Sentia-se de fora um gosto peculiar e um cheiro despertante…. Ficava a caminho e decidi entrar quase inconscientemente. O que de fora parecia algo pobre e destruído, por dentro mostrou-se uma organizada ruína de livros…. Aquele espaço perfumava um cheiro a livros antigos, de folhas amareladas que todos conhecemos… Todo aquele mundo cabia em quatro paredes. Encontrei um mundo quadrado!
Naquela esfera desfolhei sonhos entre páginas e páginas de mistério sem autor. Cantei por quadros de parede e dancei em lagos verdes… Tudo ali estava em perfeita harmonia… Parecia que o que estava de fora culminava ali mesmo, culminava por dentro…

Apenas eu era cor naquele sítio, sozinha… mais ninguém entrara ali ou já lá permanecia… apenas eu e mil e um autores desconhecidos que rimavam do mesmo prazer: o da escrita…

talvez amanha...



Hoje, na hora de dormir sinto que devo acordar para mim mesma.... O sonho inundou os meus dias de pura fantasia.... Sinto que andei a fumar bolas de sabão que apenas me trouxeram um desconforto irremediável por haver a díade parecer/ser....
Não sou contra a ideia de haver o conceito «às vezes», muito pelo contrário, assumo que é a mais bela forma de viver a vida.... Mas sei, agora, não ter uma maturidade transcendente para arcar com a arquitectura das suas consequências.... Viver o agora é bluff... mas tão bluff que chega a sujar a palavra viver. O amanha sim. Amanha e só amanha.... Ter que pensar num dia com 24 horas, feito de segundos, não de momentos... pensar que um ano compõe 365 dias de tempo composto por horas, não de instantes... Desejo acordar amanha e não me lembrar do que fiz hoje e muito menos do que fiz ontem ou antes de ontem... Ter tempo para pensar em mim enquanto corpo, enquanto algo material, sem pensar na complexidade do ser, do existir...
Revelo apetites de abominar toda a espiritualidade que defendi até ao dia de hoje.... Mereço algo melhor... tão melhor que chega a inexistir... Apenas quero adormecer e não me vir a arrepender de quem sou... porque hoje não me arrependo...
Quero permanecer com outras lentes... lentes que me façam ver o visível... A IRREALIDADE JÁ NÃO ME SERVE! Não sei viver com a leveza de separar os dias por paralelos... a calçada só existe na rua, foi feita para os outros... os outros sim, que bebam prazeirozamente paisagens que só duram em tela... tinta reles!!! Pintar quadros, só para quem tem talento e presunção para o fazer!!! Não compete a uma vulgar existência a qual chamam de Homem!!!

Apago a luz... adormeço...e penso que talvez amanha...

Tuesday, January 23, 2007

Por ser a minha vez...



Sem sombra de dúvida...
Sem parede nem tecto, sussurro a um Deus qualquer...Peço permissão para mostrar o Meu Mundo ao Mundo!!! Mostrá-lo por janela de porcelana quando a chuva se decidir a ceder...
Por momentos instantâneos ouço a voz de um poeta, que me ri e troça. E por instantes momentâneos, perpetúa um olhar estranho em mim que me faz lubrificar ideias... estas, sendo composto químico que provoca efeito de púrpura no céu, em misto de um azul de insónias... Nelas dou tudo de mim!!! Por elas deixo-me até à exaustão!!!

Prometo aos sete ventos transformar-me rainha dos sete mares!!!
Fazer subir a maré quando infantilmente me apetecer!!! Transformar ondas em espuma e inoportunamente adormecer!!!! Ser impertinente por querer transcender e merecer ser!!! Sorrir por quaisquer perder!!! Desenterrar passados, coleccionar memórias, desocupar caixas, desviar segredos, segredar toledos!!! Enfim... ser um capitulo de rebeldia irreverente!!!! Perturbar emoções!!! Faze-las recuar, inseguras...

VEM!!! Procura-me!!! Vem atrás de mim, se te sentes capaz!!! Persegue-me e prende-me em cadeia de ilusões!!! Se és Vento, vem!!! ... ... ... ... ... Se não te fizer desistir a meio da minha meta, vais rebolar comigo em relva secreta, perfumada de cores-íris... Mostrarei não ser previsível e cobrarei perdões, vingarei ser desconhecida e farei arrepender permissões... Vem se conseguires! Verás ironias mil em palavras de doçura e sedução... Talvez me apanhes.... Mas.... se assim for, marcar-te-ei com prismas de luz ofuscante e desilusões silenciosas... Tudo isto em 'bis'... Não sou quem pensas!!! Perderás comigo tempo em brincadeira!!! Agora é a minha vez de infernar...





No alto do meu nariz me despeço com sorrisos mil, estendidos em mil....
E não deixo de avisar, que nunca, de uma forma ou de outra, me farei esquecer!!!



Cumprimentos solenes aos demais...